09/07/09

Cavalhadas de São Pedro - Ribeira Grande, S. Miguel




No passado dia 29 de Junho, foram 151 cavaleiros - mais um que o ano passado - que percorreram os vários trajectos ditados pela tradição de homenagem a S. Pedro. Uma festa realizada desde meados do séc. XVI, cuja dedicação é posta à prova pelo esforço e resistência que a mesma exige, tanto de cavaleiros como de cavalos.

Inicia cerca das 10h, quando os cavaleiros se começam a concentrar junto do Solar da Mafoma – Ribeira Seca. O trabalho de tratar e enfeitar o cavalo, com um lençol branco no dorso, adornos e fitas coloridas, fez-se nas primeiras horas da manhã. Homens, algumas mulheres e crianças com uma faixa etária oscilante entre os 6 e os 60 anos, montadas a cavalo, envergaram os trajes de cor branca e vermelha e ostentaram na cabeça os “canecos”, na expectativa de serem os mais “bem enfeitados” para serem os escolhidos a irem na retaguarda da comitiva principal, constituída pelo Rei, 2 vassalos, 3 corneteiros, 2 lanceiros e 2 mordomos.
Após a selecção feita, cada um ocupa o seu posto formando o alinhamento que irá encabeçar o cortejo; os Corneteiros tocam o hino do São Pedro e inicia-se o cortejo seguido pelos cavaleiros que irão percorrer as ruas da Ribeira Grande nas próximas 8 horas.

O cortejo segue para a Igreja de São Pedro onde, aos cavaleiros lhes esperam 7 voltas em alusão aos 7 dons do Santo, mas não sem antes, o Rei e os Vassalos declamarem à porta da Igreja versos de agradecimento e louvor ao mesmo.
De seguida cavalgam para o edifício da C.M de Ribeira Grande, dando 3 voltas à mesma, segue-se a ida à Ermida de S. André, irmão de S. Pedro, dirigindo-se depois para a zona da Ribeirinha, perto do mar, onde lhes espera um refresco e massa sovada, aproveitando para descansar e ganhar fôlego para mais um trajecto pelas pequenas freguesias de onde os cavaleiros são oriundos.

É organizado pelo Sr. Fernando Maré (a quem desde já prestamos o nosso agradecimento pelo apoio que nos deu), que de há 40 anos para cá, garante a boa prossecução da tradição, assegurando que todos os elementos necessários à boa realização do cortejo não falhem, desde os “canecos” (chapéus), aos selins e estribos e manutenção dos mesmos.
É realmente gratificante, segundo o mesmo, constatar o interesse que ano após ano as pessoas demonstram ao, por iniciativa própria, participarem no Cortejo. A motivação genuína que leva esta gente a fazer parte da tradição, ultrapassa quaisquer limitações que possam surgir, como sendo o caso de quem não tem cavalo pedir emprestado a um vizinho, ou a distância a percorrer, nada é impeditivo; Outra das motivações que levam os ribeiragrandeses a participar no cortejo são as promessas, como é o caso de uma família que geração após geração participa no cortejo, por promessa feita.

É um dia em que o povo da Ribeira Grande se une em uníssono numa homenagem de dedicação e fé a S. Pedro numa manifestação que guarda e mescla em si o sagrado e o profano.

03/03/09

Caretos da Lagoa





A tradição do Carnaval de origens pagãs, ainda está bem viva na Lagoa, concelho de Mira, com os Caretos da Lagoa!
Em mais um percurso de recolha de festas para o II Volume Máscara Ibérica, eu e o David Infante, fotógrafo, tivemos oportunidade de assistir à celebração do Carnaval de Mira e conhecer um pouco da tradição ancestral dos Caretos da Lagoa.
Logo pela manhã de Domingo Magro, Domingo Gordo e Terça-feira de Carnaval, um grupo de miúdos e graúdos, com as típicas campinas e indumentárias, sai para percorrer as ruas do concelho num alarido de urros e "prrrs", com algumas paragens “obrigatórias” em casas de vizinhos que os esperam com uns “comes e bebes” para resistirem à corrida!
Na Terça-feira, dia em que os acompanhámos, depois da saída matinal e pausa para o almoço, oferta do Sr. Laranjeira, saíram novamente para se misturarem no corso popular na Praia de Mira e, sem dúvida, foram os que mais sobressaíram, irrequietos e coloridos, a desafiar todos por quem passavam, ninguém fica indiferente às suas personalidades irreverentes alteradas pelo poder do secretismo da máscara.
Não obstante ser uma tradição pouco conhecida pela maioria, na Lagoa, em Mira está bem viva! E em Maio podem contar com os Caretos da Lagoa no IV Desfile Máscara Ibérica em Lisboa!
Não perca!

Rita Piteira

26/02/09

De Alija del Infantado a Lazarim

Muitas das festas que irão aparecer no II Volume do livro “Máscara Ibérica”, aconteceram durante este período de Carnaval, calhando-me a mim e ao Luis Brás, fotografarmos os rituais da região de León, em Espanha. Começamos por Alija del Infantado, uma povoação germinada com a nossa Alijó que juntamente com esta, faz parte de uma linha mística de que nos falam textos medievais. Nesta povoação vim a saber que o termo Bodegon não quer dizer uma grande Bodega (Adega) mas sim uma antiga adega transformada em restaurante, mas cuidado, se vão a espera de encontrar vinho do produtor, enganem-se. Quando pedimos o vinho da casa trouxeram-nos uma zurrapa do Lidl. Mas quanto á povoação, destaco as texturas das portas e as bodegas escavadas na terra. Se passarem por aqui aproveitem para visitar o museu local, vale bem a pena.

No Domingo dividimo-nos entre Lamas de La Ribera e Velilla de la Reina. Duas festas de interesse turístico regional, com personagens em tudo parecidas mas de grande espectacularidade. Esperamos conseguir trazê-los até Lisboa para estarem presentes no próximo desfile da Máscara Ibérica.

Na segunda-feira, marchamos para Lamego, para podermos assistir ao Entrudo de Lazarim. O bom tempo atraiu muita gente e na terça-feira mais de 40 Caretos concentraram-se junto ao cruzeiro da vila para assistirem à leitura dos testamentos.

Hélder Ferreira


07/01/09

Novo blog da Progestur

O desenvolvimento dos vários projectos em que trabalhamos, levam-nos a percorrer o País e mesmo a Península Ibérica, visitando locais, conhecendo gentes, vivendo experiências que gostaríamos de partilhar com quem nos acompanha nestas andanças da Progestur.

Da vontade de partilhar a riqueza destas experiencias, criamos este blog, que esperamos seja um elo de ligação mais próximo entre os amigos da Progestur e as nossas equipas de trabalho.

Tentaremos trazer a este blog os bastidores das festas, locais longínquos, gente desconhecida e rica em historías de vida. Contamos convosco para nos acompanharem.

Até já
Hélder Ferreira